Duas Medicinas

Desde os primórdios das civilizações, na antiga índia, existiam duas medicinas: a sagrada (ayurvédica) e a profana (rigvédica). E todos usufruíam das duas, seja por motivo espiritual ou corporal, respectiva-mente.

O pensar humano inspirado pela sabedoria dos deuses (ou devas) era baseado na tríade: “observar, intelectualizar e idear”. Por exemplo: a cozinheira vai à feira, “observa” verduras, legumes, etc, e “calcula” o quanto vai trazer de cada item para fazer a “ideia” daquela salada gostosa.

Mas, no ano 666 d.C. na antiga Pérsia (hoje, Irã), na Universidade de Gundishapur (Grande Monarca Pur), excluiu-se o sagrado da medicina, focalizando somente na matéria. Ou seja, você não precisa questionar,
porque a ciência pensa por você, assim afirmava Francis Bacon, em 1600, dando sequência a esse pensamento materialis-ta. A ciência tornou-se a autoridade, o dogma, o “amo”, segundo Emmanuel Kant – a quem todos devem obedecer para o bem da coletividade, da democracia.

Desde então ficamos acorrentados pelo pescoço e tornozelos, tendo que olhar somente na direção do paredão ou do celular, onde são projetadas imagens (muitas das quais fantasiosas e fake-news) para que fiquemos nomeando aquelas figuras que aparecem como “evidências”. Tornamo-nos escravos do “mito da caverna” de Platão.

A “evidência” é apenas a constatação de um fenômeno, uma observa-ção, uma qualidade pré-cientifica – não é ciência. Para ser ciência precisamos elaborar argumentos mediatos para formular uma hipótese
qualquer. Depois, sim, parte-se para a prática, para a ex-perimentação, cujo objetivo é chegar à hipótese indutiva. Depois de tudo, confrontam-se as duas hipóteses para ter ideia daquele fenômeno ou tese ou diagnóstico. Isto é Ciência.

Claro que não vamos retornar ao passado, mas precisamos resgatar esta tradição pensamental, para costurar a tríade da arte médica: “fisiologia clinica – farmacologia”, para que tenhamos uma medicina humanizada.

O diretor da Clínica Médica Vivenda Sant’Anna, Dr. Antônio Marques (CRM-MG 13.309), coordenador do Curso de Extensão EaD de Medicina Antroposófica da Faculdade de Medicina Suprema

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