Iniciação

ZEUS

Deméter – Poseidon – Plutão – Dionísio

alma – etérico – físico – Eu

Segundo Rudolf Steiner a Humanidade passa, a cada 2 mil anos, por fases civilizatórias. Assim temos: “Índia – Pérsia – Egito – Grécia – Europa – ? “. Geralmente a fase anterior prepara o caminho para a seguinte. Nesse sentido estamos vivendo e curtindo a 5a. época cultural pós-Atlântida; mas o que estamos fazendo para preparar a 6a. época cultural, uma vez que temos a prerrogativa de estarmos na Antroposofia? Antes de responder, é preciso que voltemos um pouco atrás, à Grécia. O que a Grécia trouxe de importante para adentrar na Civilização Ocidental? E o que a Europa pode trazer para o futuro da Humanidade?

Grécia, berço da civilização ocidental, representa o “cadinho” onde foram misturados os vários ingredientes do passado, com vistas a um futuro promissor que iria nascer na Europa. Só que muitos povos antigos cobiçavam esse futuro no ideário de suas imaginações, tanto que por várias vezes tentaram invadi-la. As duas principais tentativa de invasão: em 200 a.C. com o rei persa Dario, através da Grécia – barrado por Alexandre, o Grande (depois Ita Wegman); e 700 d.C. com o general mouro Gebel-al-Tárike, da corrente islâmica sunita (depois Charles Darwin), através do Estreito de Gilbraltar (nome aportuguesado de Gebel-al-Tárike) – barrado por Carollus Martellus (Carlos Martel) nos Pirineus. Ou seja, essas “guerras santas” tiveram o propósito de proteger a Europa virgem por um bom período de tempo. Por que os povos antigos não conseguiram seus intentos? Porque era preciso que o homem conhecesse primeiro sua “alma individualizada” (sua Perséfone, filha de Deméter, a alma cósmica) e tivesse a visão do seu Eu (seu Dionísio). Estes processos eram realizados nos Centros de Mistérios e o que se vazavam para a coletividade, transformavam-se em “tragédias gregas”.

Para a Grécia assumir esse papel, de trazer o pensamento novo, estético, dialético, filosófico, científico e dedutivo, era preciso amalgamar os extremos. Nesse sentido para lá confluíram duas principais correntes humanas: os Jônicos, vindos da Ásia, raça morena, que os Indus chamavam da Yavanas, isto é, aqueles que adoravam a deusa Iona; representava o lado feminino e as forças receptivas da natureza fecunda, que se implantou em Atenas, através da estética nas artes, escultura, poesias e filosofias; e os Dóricos, vindos do norte, das frias planícies da Scytia e das montanhas da Trácia, raça loira, guerreira, rude e bárbara. Representava o lado masculino, que se implantou em Esparta, no Peloponeso.

Nesse sentido, quando se estuda o gênio helênico, descortinam-se cenas míticas do passado mais remoto, que vão receber novos nomes. No panteão mais elevado vamos encontrar Zeus, como Deus-Pai, que se manifestava no azul do céu, nos relâmpagos e no arco-íris. “Zeus, sob a forma da serpente astral, tinha-se unido à Alma do Mundo (Deméter), concebida como virgem increada, que faz nascer Perséfone (a alma individualizada). Seu filho divino, destinado à dominação universal, trazia o nome de Dionísio-Zagreus (Eu humano)”. Deus fecunda a alma e faz nascer o Eu humano. Por isso o nascedouro do Eu vem direto de Deus. Por isso Aristóteles sentencia: “Deus e Eu somos um”. Diferente sensação que produzia sobre o grego o Oceano. Ao mesmo tempo manso, mas terrível na tempestade, assim também ele sentia seu sangue, que lhe dava a vida. A esse Divindade, ele denominava de Poseidon, quem permeava o elemento aquoso e que dava vida à Terra. Não menos forte era a impressão causada pele elemento terrestre, com suas rochas e montanhas. A esse poder o grego denominava de Plutão, o centro da gravidade do cosmo. Assim ele também sentia que seu corpo físico repousava o centro da gravidade do seu ser. Temos portanto os seguintes “deuses”, os verdadeiros seres espirituais que doaram algo de si como “forças”; as quais conhecemos hoje com os seguintes nomes:

• Perséfone……………………………………….alma

• Poseidon………………………………………….etérico

• Plutão……………………………………………..físico-terrestre

• Dionísio…………………………………………..Eu ou espírito humano

Reza a tradição dos santuários que foi Orfeu, filho de uma sacerdotisa de Apolo, dórico da Trácia, tendo atravessado terríveis provas de iniciação tebana (Egito) e inspirado pelo “Daimon” (seres espirituais) do seu povo, quem fundou os Mistérios de Dionísio. Como era essa iniciação? Após muitas provas, o acólito se submetia ao “sono templário”, nos Centros de Mistérios – Éfesos, Elêusis, etc. No “sonho templário” brotavam imagens dos deuses em séquito: Zeus, Faunos, Bacantes, etc. Quando passava Dionísio ante à sua visão espiritual, este não tinha traços de um Olímpico, mas de um Silene (igual ao Sátiro, com cauda, patas e orelhas de cavalo). E uma voz lhe vinha ao encontro: “Olha bem, isto és tu mesmo”. Ao relatar este sonho ao Hierofante, este lhe respondia: “Tiveste um encontro com Dionísio e ele fez ver o Guardião do Limiar, isto é, teu ser inferior, aquele que foste em tuas numerosas encarnações passadas e que é ainda em parte. É preciso aprender a suportar a visão do monstro, a conhecê-lo, a amordaçá-lo e a dominá-lo. Se não acorrentar teu cérebro, tu não entrarás no Hades (mundo espiritual)”.

Esta foi a Sabedoria que a Grécia depositou nas mãos da Europa: O desabrochar do EU depende somente do indivíduo, do esforço em domar as forças instintivas da alma. E o que a Europa fez para passar este conhecimento hermético dos Mistérios à futura 6a. época cultural? Coube a R. Steiner enfatizar o encontro consciente com nossas forças instintivas, no domar as forças animalescas presentes em nossas almas. Mas como continuamos egoístas, indolentes e lerdos no despertar espiritual, o oráculo continua: “Um dia o filho divino se olhava num espelho e estava perdido na contemplação de sua encantadora imagem (narcisismo? falta de atuar no mundo?). Então os Titãs (forças inferiores da natureza) se atiraram sobre ele e o rasgaram em sete pedaços, que foram levados para ferver em uma imensa caldeira. Minerva-Palas (a sabedoria divina, nascida do puro pensamento de Zeus = Sophia?) salvou o coração de Dionísio e o levou de volta a seu pai. Zeus o recebeu em seu seio, para gerar um novo filho, e fulminou os Titãs. Destes, com seus corpos ardentes, misturados com os vapores que saiam do corpo dilacerado de Dionísio, nasceu a Humanidade. Do coração refundido nasceram os gênios, os heróis e o novo Dionísio, no qual as almas esparsas no Universo reconhecerão seu modelo divino. Assim, o Deus fragmentado na Humanidade sofredora encontrará sua unidade radiosa em Dionísio ressuscitado”. O drama terminava com o “casamento simbólico” de Dionísio ressuscitado com sua Perséfone (Eu e alma). Esta união do “Espírito e alma” é representado como caduceu de mercúrio — “o bastão (Eu) segurando a serpente (alma)”, símbolo da medicina. Por isso a medicina era sagrada, realizada nos templos de cura.

Como se vê, os Mistérios passaram à modernidade como tragédia grega. O que eles falavam? O homem foi bafejado pelos deuses (Plutão, Poseidon, Perséfone), que doaram: uma Terra, um etérico e uma alma. Mas para acessar ao Eu, exigem-se esforços, que antes eram praticados nos Centros de Mistérios de Dionísio; hoje precisamos recorrer à Antroposofia, que tem a chave para a compreensão do homem do futuro (Philadelphia e Selos).

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