Teoria da Evolução

Desde os primórdios, o ser humano indaga a sua origem, perscrutando as estrelas. Assim fizeram os babilônios, há 3000 a.C., acreditando que os corpos celestes eram moradas das hierarquias espirituais e de lá influenciam os afazeres humanos. Também assim fizeram Aristóteles com a visão antropocêntrica (a Terra como centro do Universo finito) e Kepler com a visão teocêntrica (Deus é o centro). Mas o pensar materialista foi preponderando, através de Copérnico com a visão heliocêntrica (o sol como centro do nosso sistema solar), de Friedmann, Einstein e Hubble com o Universo em expansão, até chegarmos à moderna teoria de Gamow, o famoso Big-Bang.

Será que o Universo sempre existiu e existirá eternamente, segundo Hoyle? Ele se expande e se contrai, conforme o modelo cíclico (Universo Fênix)? Ele se renova eternamente, como na dança de Xiva (mito indu)? Bem, como se sabe, segundo a hipótese atual, há uns 15 bilhões de anos, num canto do Universo, se juntaram prótons, elétrons, neutrons e fótons, numa sopa altamente energética. Após uma tremenda explosão (Big-Bang), começaram a expansão do Universo e a criação da matéria.

Não resta dúvida de que somos filhos das estrelas, como a Ciência afirma. No entanto essa teoria não explica como surgiram os prótons e seus companheiros e como foram se reunir naquele cantinho do Universo. Não explica como se formaram todos os elementos conhecidos, como se forma a “vida”, nem como existem o “pensamento”, o “sentimento” e o “agir”.

Nesse sentido, é preciso conjugar a manifestação física com os elementos causais. Matéria sozinha não sobrevive, é um cadáver. A matéria, para se tornar “animada”, (etimologicamente, “presença de alma”), precisa que algo esteja por detrás e a vivifique. Para isso, é preciso recolocar a Religião no patamar das questões científicas, como forma argumentativa (caminho científico dedutivo), cujo objetivo é fornecer os elementos pensamentais que possam alicerçar as comprovações experimentais. O objetivo deste artigo é justamente questionar a Teoria da Evolução, a partir do enfoque causal. Utilizar-se-á o original hebraico da Gênesis, pois alude à grandiosa origem da estirpe humana. Assim como o escritor da Bíblia consultou o mundo espiritual, para absorver esses conteúdos, através da “intuição”, assim também procedeu Rudolf Steiner, através de um caminho metodológico científico-espiritual, para adentrar no seio divino, onde está escrita toda a História da Criação (chamada de Crônica do Akasha, segundo a Antroposofia). Esse caminho está facultado a todos os seres humanos, como espíritos que somos, e pode ser resumido em etapas de desenvolvimento do “pensar espiritual” em: imaginação, inspiração e intuição.

  1. “Bereshit bará Elohim et hashamayim ve-et ha-arets”. No princípio, os Elohim criaram os céus e a terra. Bereshit (Bet = o primeiro som, tecer material do receptáculo; Resh = as faces, os rostos, das entidades espirituais que urdiam dentro da materialidade; Shin = pujança que se abre desde o interior para manifestar-se). Bará = gerar, criar de si, como reflexão mental, em atividade construtiva para o meio ambiente. Elohim = Espíritos de Luz (ou Exusiai, seres espirituais da 2a Hierarquia). Dos sete Elohim, apenas um se uniu à Terra, Javé-Elohim (o Cristo). Por isso o 1o Capítulo da Gênesis faz referência aos Heloim e, no 2o capítulo, há uma conjugação de forças Elohímicas, num só ser, denominado de Javé-Elohim, o qual passa a atuar na Terra, até um dia se unir a ela, no corpo de Jesus. [Para maior compreensão sobre as “Hierarquias Espirituais”, conforme a denominação cristã: 1a Hierarquia: Serafins, Querubins e Tronos. 2a Hierarquia: Kyriotetes, Dynamis e Exusiai (Elohim). 3a Hierarquia: Arqueus, Arcanjos e Anjos]. Hashamayim = os céus, o exterior; Ha-arets = a terra, o interior. Uma tradução condizente seria: “No princípio, os Elohim urdiram em pujança dentro da substancialidade e criaram, a partir de si, reflexivamente, os céus e a terra”.

“A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e um vento impetuoso soprava sobre as águas”. Nessa fase formativa, o nosso sistema solar era um caldo escaldante, onde havia só “calor”. Não existiam planetas ainda, apenas uma imensa massa de calor. Mas se a Terra estava “sem forma” (tohu) e “vazia” (vabohu), por que se lê: “um vento impetuoso soprava sobre as águas?” São manifestações de seres espirituais sobre a “substancialidade primordial do Universo”, que a Astrofísica moderna denomina de “matéria escura”. Platão (Timeu 52) relata que “há o Ser (Ón), um suporte (chôra) e uma origem (génesis). Três membros (tría trichê) que nasceram antes do céu”. O Demiurgo (Deus) subjugou a chôra, a “matriz umectada e abrasada”, o archai do cosmo (“matéria escura da ciência”) e assim fez surgir o Universo. Na terminologia cristã, pode-se dizer assim: os Espíritos da Vontade (Tronos) doaram algo de si para formar esse “corpo de calor”. O corpo humano, em conjunto com a Terra, foi elaborado nessa primeira fase. Por isso o corpo físico é o mais antigo e o mais perfeito. Mas era um “corpo espiritual de calor”. Essa é a razão por que temos a temperatura corporal hoje estabilizada (homeotermia), em 36oC. Além disso, os Tronos insuflaram a sua “vontade” (bará) no nosso corpo físico e, por isso, principalmente na esfera metabólica-locomotora, se é “potencialmente livre”. Isso significa que, nessa área, pode-se atuar inconscientemente (através do metabolismo digestivo) e conscientemente (através dos movimentos corporais). A Antroposofia denomina essa primeira fase de “antigo-Saturno”.

Os Elohim disseram: “Que exista a luz!” E a luz começou a existir. Os Elohim viram que a luz era boa. E os Elohim separaram a luz das trevas. Houve uma tarde e uma manhã. Foi o 1o dia. Nesse “corpo ígneo”, dando continuidade à fase anterior, há a condensação do calor em “gás” e uma rarefação do calor em “luz”, sob atuação dos Elohim. Ou seja, ao calor que urdia, vêm agregar-se a luz e o elemento gasoso. No fundo, são entidades espirituais que se manifestam externamente nesses três elementos: calor, luz e ar. No processo de condensação, entraram em atuação os Espíritos do Movimento (Dynamis). “Os Elohim viram que a luz era boa”, traduz a realização, a concretização da “idéia”. É o mesmo sentimento que se tem ao se terminar uma obra de arte e dizer: Que obra bonita! As “trevas” (lilit) traduzem os espíritos que não conseguem evoluir na fase anterior e quedam atrasados nessa fase seguinte. Por isso foi preciso separá-los. A Evolução se processa com seres evolucionados e outros retardatários. A evolução é individualizada e setorizada, do superior ao inferior, do mais evoluído que ajuda o mais carente a crescer .

“Houve uma tarde (érev) e uma manhã (bóquer)”. Em hebraico, Érev = confuso e bóquer = ordenado. A tradução mais condizente seria: “do caos fez-se a harmonia” (ao invés de “tarde e manhã”). Por fim, os Elohim entregam essa fase cósmica evolutiva aos Espíritos do Tempo (Arqueus), sendo isso traduzido pelo autor da Gênesis com a sentença: “Foi o 1o dia”. Os “dias” (yom) não traduzem lapsos de tempo, mas sim “inteligências divinas”. São, portanto, sete seres espirituais, que se manifestam em sete fases da criação. Os Yamim são Espíritos do Tempo (Arqueus), que executam as fases cósmicas evolutivas da criação, sob orientação dos Elohim. Na Antroposofia essa segunda fase é denominada de “antigo-Sol”.

Os Elohim disseram: “Que exista um firmamento no meio das águas para separar águas de águas”. Foi o 2o dia. Nova condensação dos elementos, até a formação da água. Para chegar a esse grau, até o aquoso, como existência elemental, foi preciso a atuação dos Espíritos da Sabedoria (Kyriotetes). Mas os elementos estavam misturados: calórico, aéreo e aquoso (além do luminoso). Era preciso separá-los. Rákia foi traduzido para “firmamento”, mas significa “separação” em duas direções energéticas: tendências centrífuga e centrípeta. A tradução certa seria: “Que exista uma separação dos elementos” (ao invés de firmamento). Finalmente, os Elohim entregam essa fase evolutiva aos Espíritos do Tempo (Arqueus). Na Antroposofia, essa terceira etapa chama-se “antiga-Lua”.

Os Elohim disseram: “Que as águas que estão debaixo do céu se ajuntem num só lugar, e apareça o chão seco. E assim se fez. E os Elohim chamaram o chão seco de “terra”. Os Elohim disseram: “Que a terra produza relva, ervas que produzam semente, e árvores que dêem frutos sobre a terra”. Foi o 3o dia. Finalmente nova condensação dos elementos, sob atuação dos Elohim, até à materialidade (nossa “fase terrestre”). Os vegetais são os primeiros seres a aparecerem na Terra (algas, fungos, lycopodium, samambaias, equisetum, etc.).

Os Elohim disseram: “Que existam luzeiros no firmamento do céu, para separar o dia da noite e para marcar festas, dias e anos; e sirvam de luzeiros no firmamento do céu para iluminar a terra”. E assim se fez: o luzeiro maior para regular o dia, o luzeiro menor para regular a noite, e as estrelas. Foi o 4o dia. A Terra era ainda gelatinosa, sendo que, no pólo Atlântico, se situava a pangéia (associação de todos os continentes) e, no pólo Pacífico, se encontrava a Lua no seu seio. Como a Lua estava imprimindo uma atuação endurecedora, esclerosante, no ambiente terrestre, tanto que os répteis cresceram descomunalmente como “dinossauros”, foi preciso intervenção de Javé-Elohim para retirar a Lua da Terra. Isso promoveu a fragmentação da pangéia, no pólo oposto, fazendo com que os continentes se movimentassem na direção daquele “buraco”, no Pacífico, para tentar fechá-lo. E assim se formaram os continentes atuais.

Os Elohim disseram: “Que as águas fiquem cheias de seres vivos e os pássaros voem sobre a terra, sob o firmamento do céu”. E os Elohim criaram as baleias e os seres vivos que deslizam e vivem na água. Foi o 5o dia. Somente agora, após a presença dos “luzeiros no firmamento”, na fase anterior, começam os animais a povoar a Terra. Isso só foi possível, porque os “espíritos” dos animais vivem no mundo cósmico-espiritual e não conseguem se encarnar individualmente, como o espírito humano. Na Terra se encontram os corpos físicos e as “almas de grupo”. Primeiro vieram os invertebrados marinhos, trilobitas, corais, peixes primitivos, anfíbios, répteis, etc.

Então os Elohim disseram: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. E os criaram homem e mulher. Foi o 6o dia. Para a criação do homem, os Elohim tiveram que se transcender a si mesmos e para isso utilizaram poderes espirituais superiores, sob ajuda dos Serafins. O homem foi criado hermafrodita (homem e mulher). Por isso o embrião, que repete a filogênese (a evolução da espécie), carrega dentro de si os dois sexos. Todas essas fases têm que ser imaginadas com características bem sutis, sendo que o homem, nessa fase, ainda era meio gelatinoso, cartilaginoso, como um grande embrião.

No 7o dia, os Elohim terminaram e descansaram de todo o seu trabalho. Esse esforço ascencional, realizado para a “criação” do homem fez com que os Elohim, de caráter sétuplo, se transubstanciassem, em consciência coletiva unificada, em Javé-Elohim (o Cristo solar).

  1. Quando Javé-Elohim fez a terra e o céu, ainda não havia na terra nenhuma planta do campo. Javé-Elohim não havia feito chover sobre a terra. Então Javé-Elohim modelou o homem com a argila do solo, soprou-lhe nas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivente. O homem formado pelos Elohim no 6o dia, continuou a sua evolução, agora sob atuação de Javé-Elohim, que lhe soprou a “neshamá” (a alma consciente). O homem começou a ter uma vida interiorizada. A diferença dos animais é que estes possuem apenas a “néfesh” (ou alma da sensação, sede dos instintos). A primitiva atmosfera terrestre era ainda enevoada e com visibilidade zero. Na Antroposofia, essa época é denominada de Lemúria – corresponde ao Paleozóico e Mesozóico da ciência oficial, um continente ao sul da Índia, entre a África e o sudeste asiático.
  2. Com a saída da Lua da Terra, sucumbe a Lemúria. Começa a fase da Atlântida (corresponde ao Terciário e Quaternário). O que diz a Bíblia dessa fase histórica: “Nesse tempo, isto é, quando os filhos de Deus se uniram com as filhas dos homens e geraram filhos, os gigantes habitavam a terra … Javé viu que a maldade do homem crescia na terra… E Javé disse: Vou exterminar da face da terra os homens que criei,… Noé, porém, encontrou graça aos olhos de Javé”. Os “gigantes” são os homens atlânticos, pois como o ser humano não era totalmente calcificado como hoje, o caráter cartilaginoso, maleável, imprimia-lhe um tamanho gigantesco. Noé (Manes ou Mani) dá prosseguimento à história humana, após o dilúvio (afundamento da Atlântida), com as “civilizações de língua aryana”, na Índia. Assim começa a nossa história conhecida:

1a) Índia – 7000 a 5000 a.C.;

2a) Pérsia – 5000 a 3000 a.C.;

3a) Egito/Caldeia/Babilônia – 3000 a 1000 a.C.;

4a) Grécia/Roma – 1000 a.C. a 1492 d.C.; e,

5a) atual – 1492 a ± 3000].

Resumindo, o nosso sistema solar nasceu por atuação das Hierarquias Espirituais, que doaram algo de si, para formar os planetas. No começo era um imenso disco de calor. Por rotação e coagulação, os planetas foram se formando da periferia para o centro: Saturno, Júpiter, Marte, Terra, Vênus, Mercúrio e no centro o Sol. Por último, a Lua saiu da Terra. Os vegetais nasceram primeiro (3o dia), os animais nasceram depois (5o dia) e os homens só puderam habitar o orbe terrestre quando a Terra estava pronta (6o dia), apesar de já estarem presentes na mente Divina, como os primeiros seres da Criação.

O grande mérito da criação deve ser imputado aos Heloim. Eles foram os grandes arquitetos deste mundo e do homem. De caráter sétuplo, se uniram em Javé-Heloim (o Cristo solar), no sentido de insuflar o “espírito humano” dentro do corpo físico. No 6o capítulo, é Javé que está ao lado do homem, conduzindo-o para novas fases evolutivas culturais, através de Noé. Por fim, esse ser toma carne (Verbo encarnado) como o Cristo.

Eis a Teoria da Evolução, da criação do ser humano, a partir do reino das causas.

Dr. Antonio Marques

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