Imaturidade Cerebral

Antonio José Marques (*)

RESUMO: O termo “Imaturidade Cerebral” é utilizado pelos especialistas neste assunto, para determinar uma enorme gama de problemas, desde distúrbios comportamentais, psíquicos, até os de ordem cerebral. Este autor tomou como base apenas os pacientes que apresentavam alterações no Eletroencefalograma (EEG), no sentido de “objetivar” os excelentes resultados obtidos através da medicação antroposófica que vem sendo realizada nesta Clínica, em um ano de tratamento (Grupos I e II). Os pacientes que não obtiveram resposta foram os que apresentavam Epilepsia (Grupo III). Estes mereceram comentários à parte, por apresentarem uma fisiopatologia distinta dos casos propostos para este estudo. A argumentação científica para explicar estes resultados ficou a cargo da “Ciência Dedutiva Goethiana”.

UNITERMOS: Imaturidade Cerebral, Disritmia Cerebral, Epilepsia, Neurofisiologia da Imaturidade Cerebral, medicina antroposófica, remédios antroposóficos, Ciência Dedutiva Goethiana

  1. INTRODUÇÃO

O autor se defrontou em sua Clínica, com vários casos de pacientes, principalmente crianças, entre 7 a 9 anos, com déficit de atenção, falta de concentração na escola, desânimo, apatia, tristeza, hiperatividade, inapetência, etc., até alguns casos mais complicados, como dificuldades para reconhecer e desenhar símbolos de círculo, quadrado ou triângulo, dificuldades para reconhecer as cores básicas, para identificar letras e/ou juntá-las em palavras ou sentenças, etc. Inclusive casos com Disritmia Cerebral ou Epilepsia. Com relação aos adultos, casos com problemas psíquicos, entre os quais muita emotividade, apatia, ansiedade, depressão, histerismo, sexualidade exacerbada, etc.

O autor tomou como base apenas os casos que apresentavam alterações no Eletroencefalograma (EEG), justamente com o objetivo de documentar a melhora (ou não) ao tratamento preconizado. Foram selecionados 7 casos neste trabalho, citados no capítulo 8 e com “fitas” de EEG antes e depois do tratamento, cujos resultados apresentaram cura definitiva (ou seja, melhora das deflexões no EEG). Os casos que não apresentaram melhora no EEG foram os de Epilepsia, os quais ficaram de fora deste trabalho. No entanto foram citados 2 casos clínicos, com o objetivo de levantar os argumentos científicos para se entender a sua fisiopatologia (no capítulo 5).

Esses pacientes foram divididos em grupos: Grupo I – corresponde às crianças com alterações no EEG. Grupo II – aos adultos com alterações no EEG. Grupo III – às crianças e adultos com epilepsia ou disritmia cerebral. Os excelentes resultados foram conseguidos nos grupos I e II, o que motivou a confecção deste trabalho. Com o grupo III, os resultados não foram satisfatórios, apesar de se conseguir uma melhor qualidade de vida. Estes, por terem que tomar “anticonvulsivantes”, basicamente um inibidor cerebral, o tratamento coadjuvante antroposófico serve para tonificar o metabolismo e revitalizar o cérebro (vide capítulo 5).

Faz-se necessário, no entanto, percorrer um “caminho metodológico científico dedutivo goethiano”, no sentido de tecer os argumentos mediatos, cujo objetivo é chegar à tese proposta: Como explicar os excelentes resultados conseguidos pela medicina antroposófica para estes quadros clínicos?

Enfim, este trabalho é realização de um “clínico geral com prática médica antroposófica” e seu objetivo é tentar contribuir com a Neurofisiologia, fornecendo subsídios para abordar a questão da “Imaturidade Cerebral” a partir dos elementos causais. Respeita-se a visão acadêmica, mas faz-se necessário lançar luzes sobre novos paradigmas científicos abordados a partir da Ciência Dedutiva Goethiana.

  1. FILOGÊNESE DO SISTEMA NERVOSO

Todos os seres vivos reagem de três maneiras aos estímulos externos: com sensibilidade, condutibilidade e contratilidade1. A sensibilidade é a propriedade da célula de absorver os estímulos dados; a condutibilidade é a propagação do estímulo para dentro da célula (ou para dentro do corpo) e a contratilidade é a resposta da célula ao estímulo, ao meio ambiente, através do músculo. Em animais primitivos unicelulares, estes processos se passam no protoplasma. Com a evolução, estes processos começam a ser absorvidos por células especializadas (células nervosas), numa forma de primeiro tomar “conhecimento” do que está acontecendo lá fora para, em seguida, direcionar os estímulos já “conscientizados” à célula muscular, no sentido de dar uma resposta ao estímulo recebido. Ocorre um processo de interiorização, via nervo, cuja finalidade é primeiro tomar “conhecimento” (consciência) do que está ocorrendo para, em seguida, dar uma resposta (principalmente muscular). Pode-se concluir, portanto, que a finalidade da célula nervosa é apenas sensitiva. Mesmo quando ela deposita as suas terminações nos músculos, na “placa motora”, isso se processa através de substâncias químicas, e são estas as responsáveis pela “atuação” (resposta muscular).

Também o corpo do neurônio foi se interiorizando no animal, numa forma de tomada de consciência: em alguns anelídios (minhocas), o corpo do neurônio está localizado no epitélio de revestimento, em contato direto com o meio externo; nos moluscos, ele está no interior do animal e, nos vertebrados, a quase totalidade dos corpos dos neurônios se encontra nos gânglios sensitivos situados perto do Sistema Nervoso Central (SNC). Portanto, quanto mais profundo o “gânglio” estiver situado, maior consciência o animal (ou o homem) terá sobre o seu corpo ou sobre o meio ambiente. Já os neurônios que têm atuação na musculatura lisa, no músculo cardíaco e nas glândulas, têm seus corpos neuronais fora do SNC, nos gânglios viscerais, porque aí a “atuação” deve ficar inteiramente inconsciente. Fica assim demonstrado que, quanto maior a interiorização dos neurônios, nos gânglios neurais ou na parte nobre do SNC (córtex), maior a conscientização se processa no animal, e isso é mais expressivo no homem; a parte vegetativa não precisa ficar consciente e, portanto, seus corpos neuronais ficam do lado de fora do SNC, nos gânglios viscerais.

Um outro tipo de neurônio é chamado de neurônio de associação que, como o nome está dizendo, faz as associações entre os vários neurônios, sendo, portanto, o seu corpo situado sempre dentro do SNC. Isto constitui o principal fator de tomada de consciência do animal frente à mudança de ambiente e tem uma importância capital no desenvolvimento do encéfalo durante a filogênese dos vertebrados (encefalização), sendo que, no homem, este processo atinge o acme da evolução. É aqui que repousa o nosso problema da “Imaturidade Cerebral”, com relação à falta (ou à lentidão) de mielinização, que será comentada abaixo.

  1. NEURO-FISIOLOGIA

Será que o impulso anda sozinho? Será somente o sódio que penetra na fibra e desencadeia o impulso que é o causador de tudo? E quem controla o sódio, para não desencadear uma despolarização (estímulo) descontrolada na fibra? Será somente a ATPase a causa? E quem a controla? Existe um órgão centralizador? E se existe, será somente a química? Como pode a química reagir sozinha, sem levar ao caos?

Como a ATPase é ativada pelo Na+ que penetra na superfície interna e pelo K+ que sai para a superfície externa da membrana, isso não explica nada, pois cai em contradição, num jogo entre ATPase de um lado e o Na+/K+ do outro, como forças do acaso, auto-geradoras, o que provocaria um caos, se cada neurônio resolvesse agir por conta própria. Aliás, esses argumentos “indutivos” explicam os casos neuro-patológicos e não a fisiologia normal de um organismo vivo. Portanto, é preciso ver que enzimas, íons e outras substâncias químicas são apenas instrumentos de algo superior. Por isso se fala: “substância” (sub+instância), o que está embaixo e serve de portadora ao “elemento superior”.

Portanto, chega-se à primeira conclusão de que existe uma esfera superior no ser humano, que se denomina: Psykhé (ou alma).2 Aqui se encontra o verdadeiro substrato para as explicações dos desejos, paixões, sentimentos, amor, ódio, religiosidade, conhecimentos, pensamentos triviais, etc. Por isso Aristóteles sentencia: “Quem movimenta o corpo é a alma” (De Anima). Além dessas qualidades anímicas citadas, a alma “percebe” o que ocorre nos mundos externo e interno e realiza a resposta efetora muscular. Assim se tem na alma humana a centralização das atividades psíquicas (pensar, sentir e atuar). Ou seja, a alma é que mantém o equilíbrio relativo entre os íons, dentro e fora da membrana. Ao desencadear um “desejo”, o impulso anímico passa ao íon Na+ (ou Cálcio no coração) e este penetra na membrana do axônio, com ajuda energética da ATPase, desencadeando assim o estímulo. Portanto, quando o cérebro não está pronto, amadurecido o suficiente, a alma não apreende o que precisaria para um perfeito arrazoamento dos sentidos.

Por isso Goethe é enfático: “Fisiologia é o conjunto orgânico sob domínio do espírito”.3 Não existe fisiologia sem uma causa. O corpo sozinho com sua química é um cadáver. E uma da funções da alma é a “atuação muscular”, através das substâncias químicas. O exemplo mais simples e conclusivo é o caso dos celenterados, quando apenas um pequeno filete de fibra nervosa sensitiva leva o estímulo do exterior para dentro do corpo do animal, até ao músculo. Com a evolução, a complexidade foi surgindo, a interiorização foi ocorrendo, a rede de neurônios de associação foi aumentando, com intuito de maior conscientização, mas sempre o estímulo sensitivo deseja chegar ao órgão efetor, que é o músculo, para assim a alma poder realizar a sua função. Portanto, chega-se à segunda conclusão, através destes argumentos científicos dedutivos mediatos que não existe nervo motor.4 Existem apenas “nervo sensitivo aferente” e “nervo sensitivo eferente”.

O processo de mielinização5 ocorre quando se precisa de maior conscientização, como é característico nos animais superiores, sendo que, no ser humano, se inicia por volta do 6º mês gestacional e termina na vida adulta. No sistema nervoso periférico, os nervos que ligam a superfície corporal, como a parte visceral, até a medula (raízes dorsais) se mielinizam tardiamente, comparados à mielinização mais rápida quando o nervo continua o seu trajeto das raízes ventrais da medula até o músculo, porque justamente no trabalho efetor muscular é preciso maior consciência da alma sobre o corpo. Também no SNC, o que interessa especificamente a este trabalho, a mielinização das fibras mediadoras sensitivas do córtex e do tálamo se antecipam à mielinização das outras fibras sensitivas de correlação e integração do movimento, geralmente ocorrendo durante o primeiro ano de vida, evidenciando a necessidade de maior conscientização anímica no sentido de ser possível coordenar os “movimentos” que nascem como instintos. No tronco cerebral, as fibras relacionadas ao equilíbrio (órgão vestibular) e acústica mielinizam-se precocemente antes do nascimento, enquanto que as fibras sensitivas da experiência corporal proprioceptiva (do próprio corpo) e exteroceptiva (tato e dor) mielinizam-se mais tardiamente, evidenciando o caráter centralizador de “tomada de consciência” necessária para poder exercer ulteriormente uma atuação no mundo.

  1. NEURO-FISIOPATOLOGIA

A velocidade de condução6 de um nervo está na dependência da mielinização, da sua espessura e da sua função. As fibras nervosas foram classificadas em três grupos: A – Fibras ricamente mielinizadas dos nervos mistos (sensitivos aferentes e sensitivos eferentes). B – Fibras pré-ganglionares. C – Fibras pós-ganglionares do sistema autônomo e possivelmente algumas fibras responsáveis por impulsos dolorosos. Ex: no nervo isquiádico do cão foram obtidas as seguintes velocidades de condução: Fibra A – 30 a 90 m/s. B – 10 a 20 m/s. C – 0,3 a 1,6 m/s.

Se a mielinização não termina em tempo hábil, por vários motivos (que fogem ao escopo deste trabalho), a função sairá prejudicada. Qual função? Como se sabe, já ventilada pela ciência, somente 1/10 (um décimo) da capacidade cerebral é utilizada para o pensar. O que ocorre com os outros 9/10 (nove décimos)? Não devem ser imputados como se estivessem “dormindo”. Essa grande parte cerebral serve para atuação psicossomática. Serve para “coordenar” o funcionamento corporal, que interessa a este estudo. Por isso os argumentos anteriores serviram para mostrar que o cérebro apenas funciona como “órgão sensitivo” e direciona os impulsos nervosos para o “órgão efetor”, que é o músculo.

Nesse sentido, a maioria dos problemas observados na “Imaturidade Cerebral” tem a ver com a manifestação fisiológica (fisiologia no sentido goetheanístico: o aspecto psico-corporal) e não diretamente no aspecto cognitivo (o pensar propriamente dito). Essa grande parte do cérebro (os 9/10) serve de substrato para a parte “inconsciente” da alma apreender o que se passa dentro e fora do corpo, no sentido de tomar “consciência” e dar um destino ao “desejo”, através da “atuação corporal”. Portanto, basicamente, a “Imaturidade Cerebral” tem a ver com a dificuldade no processamento fisiológico do corpo físico.

  1. A EPILEPSIA

A epilepsia representa primariamente uma estase metabólica.7 Secundariamente representa a tentativa frustada da alma e do Eu em romper esse “obstáculo”, o que se traduz como “convulsão”. Ou seja, ao ocorrerem estagnações e retenções de substâncias (glicose, colesterol, hormônios, nitrogênio, gás carbônico, etc.) dentro dos tecidos orgânicos, a alma e o Eu não conseguem permear suficientemente o corpo físico. Isso ocorre seja porque a estrutura dos órgãos é muito densa e/ou por um “transbordamento” psico-espiritual. O EEG apenas constata a “cicatriz”, o que se pode denominar de “epilepsia residual”.

Nesse sentido, a maioria das epilepsias se torna manifesta até a puberdade8 (por volta do 9 ano de vida), período no qual o Eu deveria se submergir profundamente no metabolismo. Por isso se deve observar, por volta dessa idade, qualquer manifestação clínica de “desânimo, apatia e tristeza”, bases para a constituição anímica da epilepsia. A “síndrome de espreguiçar” traduz a tentativa para romper o “represamento” dentro do metabolismo e no epiléptico isso pode durar a vida inteira.

A convulsão representa, portanto, a tentativa frustada da alma em afastar, de modo caótico e violento, o obstáculo da congestão metabólica, podendo levar a longo prazo a um quadro demencial. Por isso a necessidade dos “anticonvulsivantes”. Mas não se pode contentar apenas com essa atitude paliativa. Precisa-se sempre do tratamento causal, através das terapias preconizadas neste trabalho. Na ausência (estado crepuscular), o processo é o mesmo, só que a alma resigna-se em favor do corpo físico e isto pode levar a psicoses epilépticas.

  1. METODOLOGIA DE ESTUDO

O EEG9 é um exame complementar do encéfalo que foi idealizado por Hans Berger em 1930. Consiste no registro, feito através de aparelhos especiais, dos potenciais bioelétricos dos neurônios. Essa técnica foi criada fundamentalmente para o estudo da epilepsia. No entanto, com o passar do tempo, está servindo para acompanhamento de outras patologias, como é nosso caso: da Imaturidade Cerebral.

Num EEG, estudam-se fundamentalmente o número de ondas por segundo (frequência), a sua amplitude (potencial em microvolts) e distribuição topográfica segundo as diferentes áreas cerebrais. Nesse sentido, pode mostrar uma série de modificações patológicas. Uma das mais freqüentes consiste no aparecimento de ritmos anormais que, segundo a idade, não deveriam ocorrer, principalmente o que interessa ao nosso estudo: a imaturidade na eletrogênese cerebral.

Quando se observa um EEG considerado normal, ele se mostra com suas linhas horizontais “harmônicas e tranqüilas”. Isso significa que ocorreu a mielinização no tempo hábil e o cérebro está pronto para suas funções psico-corporais. Não se relaciona a capacidade pensamental com o amadurecimento mielínico, como se comentou. Ou seja, independentemente se o EEG estiver alterado (imaturo ou disrítmico), não se pode imputar um déficit cognitivo.

Portanto, justifica-se o uso do EEG no estudo psicossomático, como forma de visualizar a imaturidade cerebral e também como forma de acompanhamento ao tratamento.

  1. TRATAMENTO

O autor utilizou numa fase precoce de sua Clínica, apenas medicação oral para estes casos. Não se obteve resposta favorável. Apenas com o uso de injetáveis antroposóficos do Laboratório Wala,10 Cerebrum comp. B e Cerebellum comp, os resultados começaram a aparecer, além da medicação oral coadjuvante.

Muitas vezes, a receita é complementada com remédios para a esfera metabólica. Procura-se caracterizar se há uma “Dispepsia Putrefativa” (distúrbio na digestão da proteína) e/ou uma “Dispepsia Fermentativa” (distúrbio na digestão dos carboidratos).

Associam-se outras condutas, no sentido de estimular a conscientização psico-corporal. Para crianças: Reorganização neurofuncional pelo método Padovan, Euritmia Terapêutica, Música, Desvendar da Voz, Ginástica, Esporte, etc. Para os adultos: Avaliação Psicossomática através da Pintura, Biografia, Euritmia, retorno aos estudos, língua estrangeira, etc.

Após o tratamento de 10 meses, faz-se uma pausa de 2 meses com os remédios e retorno à consulta com novo EEG. Portanto, retorno após um ano de tratamento.

  1. CASOS CLÍNICOS

Estão relatados aqui sete casos clínicos, sendo os três primeiros do Grupo I, cujos resultados são muito bons. O quarto caso corresponde ao Grupo II, de um adulto com Imaturidade Cerebral, que também respondeu rapidamente em um ano de tratamento. O quinto caso corresponde ao grupo I, cuja resposta ao tratamento foi muito lenta. Somente após vários anos de tratamento causal, recebeu alta clínica. O sexto e o sétimo casos correspondem ao Grupo III, da Epilepsia, em que não se obteve resposta favorável. Estes pacientes continuam com a conduta acadêmica (anticonvulsivante), associada à nossa.

Após esses relatos, estão colocadas algumas “tiras” mais relevantes de EEGs dos cinco primeiros casos (dos que obtiveram a cura), antes e depois do tratamento, com o objetivo de servir de panorâmica desses traçados.

1 – G.O.S. nascido em 12.9.92, sexo masculino, residente nesta cidade. Data da 1ª consulta: 25.2.00 (com 8 anos). QP – Hiperativo, distraído, não copia os deveres na sala de aula. HDA – Os pais já haviam notado esse comportamento do filho e procuraram o especialista, o qual logo fez o diagnóstico através do EEG: Disrritmia Cerebral. Ou melhor dizendo: imaturidade cerebral. No entanto, por já conhecerem o tratamento antroposófico, procuraram esta Clínica para um tratamento causal.

1º EEG de 18.2.00 – Disfunção centroencefálica, com difusão bilateral.

TRATAMENTO – Cerebrum comp. B, injetável (Wala), 40 ampolas, uma vez por semana, totalizando 40 semanas ou 10 meses. Além dos via orais metabólicos.

2º EEG em 23.2.01 – Normal (um ano após o tratamento). Alta clínica.

2 – M.B.H.C. nascido em 30.08.90, sexo masculino, residente em Porto Velho (RO). Data da 1ª consulta: 14.11.98 (com 8 anos). QP – Hiperatividade, agressividade, aversão à comida. HDA – Os pais relatam que a criança mostra-se agressiva, hiperativa e inapetente. A mãe relata que a “gravidez foi turbulenta” e talvez daí, esse comportamento.

1º EEG em 25.11.98 – Disfunção centroencefálica, com difusão bilateral.

TRATAMENTO – Cerebrum comp. B, injetável (Wala), 40 ampolas, 1 vez por semana, totalizando 10 meses. Além dos via orais metabólicos.

2º EEG em 6.1.00 – Normal (um ano e dois meses de tratamento). Alta clínica.

3 – M.A.C.L. nascida em 9.3.83, sexo feminino, residente nesta cidade. Data da 1a consulta: 7.8.99 (com 16 anos). QP – Ausência, nervosa. HDA – Relata que, desde os 8 anos de idade, apresenta sonolência exagerada, relaxada com seus afazeres, lentificação nos movimentos. As ausências surgem próximo ao estado de cansaço. Medicação acadêmica: Depakene 2x/dia.

EEG de 21.6.96 – Disfunção centroencefálica, com difusão bilateral.

TRATAMENTO – Cerebrum comp. B, injetável (Wala), 40 amp. 1x/semana, totalizando 40 semanas. Além dos via orais metabólicos.

2º EEG em 2.2.01 – Normal (um ano e sete meses). Alta clínica.

Por insegurança da família, para confirmar se houve cura real, foi realizado o “Mapeamento Cerebral” em 9.8.02 – Resultado: Normal. Alta clínica definitiva.

4 – V.I.R.S.S. nascida em 22.11.52, sexo feminino, divorciada, terapeuta, residente em Lavras (MG). Data da 1a consulta: 19.7.01 (com 49 anos). QP – Tensão, depressão, ansiedade, excitabilidade sexual, insegurança, estafa. HDA – Durante 12 anos, problemas de relacionamento com o marido, o que terminou em divórcio. Depressão, medo, insegurança. Uso de Lexotam 6 mg.

1º EEG em 28.3.01 – Disfunção centroencefálicas, com difusão bilateral.

TRATAMENTO – Cerebrum comp. B, injetável (Wala), 40 ampolas, 1x por semana, totalizando 40 semanas ou 10 meses. Além dos via orais metabólicos.

2º EEG em 27.8.02 – Normal (um ano e cinco meses de tratamento). Alta clínica.

Inclusive melhora do quadro depressivo, do distúrbio sexual, etc. Assumiu nova profissão, como terapeuta (antes era dona de casa).

5 – M.C.S. nascida em 24.1.87, sexo feminino. Data da 1a consulta: 11.6.96 (com 9 anos) QP – “Ferroada” na cabeça e no peito, indisposição, cólica abdominal. HDA – Há muitos anos, indisposição, lentificação dos movimentos, sono agitado, ranger de dentes à noite, dispnéia emotiva. Piorou após a perda da avó. Uso de Tegretol.

1º EEG – 19.11.96 – Disfunção centroencefálica, difusões homolateral e bilateral.

TRATAMENTO – Cerebrum comp. B, injetável (Wala), 40 ampolas, 1x por semana, por 10 meses. Além dos via orais metabólicos.

2º EEG em 10.12.97 – Não houve melhora.

TRATAMENTO – Cerebrum comp. B, injetável, mais 40 ampolas, 1x por semana.

3º EEG em 18.1.99 – Piora do padrão encefalográfico.

TRATAMENTO – Cerebrum comp. B, injetável, mais 40 ampolas, 1x por semana.

4º EEG em 3.3.00 – Pequena melhora. Nessa fase, as ondas lentificadas estavam circunscritas a uma pequena área de manifestação.

TRATAMENTO reiniciado em 26.3.01 – Cerebrum comp. B, injetável, mais 40 ampolas, 1x por semana.

5º EEG em 26.3.01 – Normal (após cinco anos de tratamento). Alta clínica.

6 – P.M.P. nascida em 9.5.83, sexo feminino, residente em Ipatinga (MG). Data da 1a consulta: 30.5.94 QP – Epilepsia. HDA – Crises convulsivas e ausências a partir de março de 1993. Uso de Tegretol.

EEG em 21.7.93 – Disfunção de estruturas centroencefálicas, com difusões homolateral e bilateral. Angiografia cerebral em 23.8.93 – Normal. Cirurgia – Correção de refluxo uretero-vesical com 2 anos de idade. US em 21.6.94 – Bócio adenomatoso multinodular (cirurgia e uso de Synthroid).

TRATAMENTO – Cerebrum comp.B, injetável (Wala), 40 ampolas, 1x/semana, por 10 meses.

EEG em 8.11.94 – Melhora eletroencefalográfica. No entanto continuavam as ausências.

Consulta em 11.7.03 – Após 5 anos sem nenhuma crise, embora tenha continuado com o tratamento acadêmico (Depakene), retornaram as ausências, principalmente nos períodos de provas na Faculdade de Arquitetura.

EEG em 9.6.03 – Retornaram as alterações eletroencefalográficas.

COMENTÁRIOS – Não ocorreu melhora neste quadro de epilepsia. Apenas melhora na qualidade de vida, com tratamento complementar “causal”, tanto que está bem colocada na Faculdade de Arquitetura. Continua com Stressdoron, 2 comp. de manhã, fórmula para o metabolismo e Cerebrum comp. B, injetável, 40 ampolas, 1x/semana, por 10 meses, além do Depakene.

7 – S.M.V. nascida em 13.4.63, sexo feminino, casada, residente em Brasília (DF). Data da 1ª consulta: 11.4.87. QP – Ausências a partir dos 12 anos e convulsões a partir dos 27 anos. HDA – Após a menarca, começaram as ausências, principalmente no final da mestruação e ao despertar. O ciclo menstrual era irregular. US (21.4.87): ovários policísticos. EEG em 24.4.85 – Alterações das estruturas centroencefálicas, com difusões bilaterais. Tratamento inicial com Diane, Depakene e Maliazin. Tratamento paralelo antroposófico para as esferas metabólica e ginecológica. Em 1990 manifestou a 1a crise convulsiva, “após muitos afazeres e estar muito cansada”.

EEG em 22.10.90 – comicialidade. Hipoglicemia. Leucopenia. Em 1993 – início com os injetáveis – Cerebrum comp. B (Wala). Melhora por 4 anos, mas as crises retornaram em julho 94 e julho 95, sempre ao despertar de manhã e ao final da menstruação. Ausências em 2001, após desentendimento com a sogra.

TRATAMENTO: Continua com Tegretol, Stressdoron, fórmula do metabolismo hepato/biliar da Weleda e Cerebrum comp. B (Wala), 1x/semana.

COMENTÁRIOS: Não ocorreu melhora esperada, após o longo tempo de tratamento. Sempre as crises (convulsivas ou ausências) ocorrem quando se somam distúrbios metabólicos (ginecológicos) e/ou fatores psíquicos.

  1. DISCUSSÃO e CONCLUSÃO

Normalmente os pacientes com “Imaturidade Cerebral” se submetem à terapia acadêmica sintomática, por vários anos, na espera de que a natureza faça seu serviço de terminar o capeamento mielínico dos nervos. Não resta dúvida de que podem surgir casos em que essa conduta seja necessária. Mas este autor tratou com eficácia os casos nomeados de “Imaturidade Cerebral” (com alterações no EEG), com a conduta causal, proposta neste trabalho. Somente os casos de Epilepsia mereceram conduta sintomática acadêmica, paralela à causal.

Apesar de as queixas serem policromáticas, o diagnóstico foi firmado através do EEG, cujos resultados serviram para acompanhar a evolução e a cura desta disfunção. As deflexões eletroencefalográficas apontam para uma “imaturidade cerebral”, a qual pode durar a vida inteira. Por isso preconiza-se um tratamento causal, o qual ajuda o processo de mielinização em tempo relativamente curto. Neste caso, com os recursos da Medicina Antroposófica, pode-se ver mudança substancial no EEG. Os resultados são promissores: cura (melhora da deflexão no EEG) para os Grupos I e II. Para os casos do Grupo III, de Epilepsia, não se obteve resposta ao tratamento preconizado, necessitando permanecer com a conduta clássica acadêmica, mas sempre associada ao nosso tratamento causal.

Os argumentos para referendar os excelentes resultados ficaram a cargo da “Ciência Dedutiva Goetheanístico-Steineriana”. Chegou-se à conclusão de que “não existe nervo motor”. Apenas nervo sensitivo aferente e nervo sensitivo eferente. É a alma que galvaniza os pensamentos, os sentimentos e as atuações corporais. Nesse sentido muda o enfoque de tratamento, pois se está entrando no terreno da causa. E só há ciência quando se abordam os elementos causais, já dizia o pai da lógica.

  1. SUMMARY

Usually the patients with “Cerebral Immaturity” undergo the symptomatic academic therapy, for several years hoping the nature makes its service of making nerves mature. It doesn’t remain doubt that in some cases the academic conduct is necessary. But this author solved of the nominated cases of “Cerebral Immaturity” (with alterations in EEG), with the causal conduct, proposal in this work. Only the cases of Epilepsy needed the academic symptomatic conduct, associated to the causal.

In spite of the diversity of the complaints, the diagnosis was confirmed through EEG, and the results were used to accompany the evolution and the cure of this dysfunction. The alterations in EEG point for a cerebral immaturity, that can stay for the whole life. Therefore a causal treatment is extolled, which helps the maturity process relatively in a short time. In this case, with Antrophosophic Medicine resources, done at this Clinic for 23 years, substantial changes can be seen in EEG of these patients. The results are promising: it cures for the Groups I and II. For patients of Group III, of Epilepsy, it was not obtained answer to the extolled treatment, needing to stay with the academic classic conduct, but always associated to our causal treatment.

The arguments to countersign excellent results were the responsibility of the “Deductive Science Goetheanistic-Steinerianische”. It was reached the conclusion that motor nerve doesn’t exist. Only sensitive nerves. It is the soul that galvanizes the thoughts the feelings and the corporal performances. In that sense it changes the treatment focus, because we will be entering in the land of the cause. And the sience only exists when the causal elements are approached, as already the “father of the logic”said.

Key Words: Cerebral Immaturity, Epilepsy, Antrophosophic Medicine, Deductive Science Goetheanistic-Steinerianische.

  1. BIBLIOGRAFIA

1 MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional. Rio/SP : Atheneu. 1974.

2 MARQUES, A. J. Espírito, alma e sexualidade, uma visão monista sobre o ser humano. Juiz de Fora : ZAS, 1995, p.104.

3 GOETHE, J. W. von. Teoría de la Naturaleza. Diogo Sánchez Meca. Madrid : Tecnos. 1997. p.112.

4 MARQUES, A. J. Repensar a Ciência. Juiz de Fora : Rio Branco. 1996, p.111.

5 AVERY. Neonatologia; fisiologia e tratamento do recém-nascido. 2.ed. Rio de Janeiro : Medsi, 1984. p.952-3.

6 MACHADO. 1974. p.82.

7 HUSEMANN, F. & WOLFF, O. A Imagem do Homem como Base da Arte Médica. Patologia e Terapêutica. vol. III. São Paulo : ABT. 1987. p.871-4.

8 FARRERAS. Medicina Interna. 9 ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan. 1979, p.1029.

9 TREICHLER, R. Biografia e Psique. Graus, distúrbios e enfermidades da vida anímica. São Paulo : Antroposófica. 1988. p.205.

10 WALA – Heilmittelverzeichnis für Ärzte. 13.Auflage. D–7325 – Eckwälden/Bad Boll. Deutschland.


(*) Clínico geral com prática médica antroposófica
Diretor Clínico da Clínica Médica Antroposófica Vivenda Sant’Anna
Tel. (32) 3231-1032 / Fax. (32) 3236-4106 / www.vivendasantanna.com.br
Rua Hermann Toledo, 407 / Juiz de Fora – MG

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