O QUE EXISTE POR DETRÁS DO LÚPUS (LES) ?
RESUMO: As doenças auto-imunes têm como causa a incapacidade de transformar a proteína herdada em proteína própria, totalmente individualizada. Esta, em certa época da vida, será estranha ao organismo (será um Antígeno – Ag). Este Ag seguirá dois destinos: 1) Suscitar resposta do corpo, com formação de “imunocomplexo” e depositar nos tecidos orgânicos, nos órgãos ou nas articulações, provocando as patologias auto-imunes. 2) Penetrar na célula, com o intuito de invadir o núcleo e destruí-lo. Realizado esse intento, o núcleo se transforma numa massa amorfa despolimerizada; sendo, por conseguinte, expulso da célula e fagocitado pelo sistema imune. A isso se denomina de “fenômeno LE” do Lúpus. Esse bizarro fenômeno etiopatogênico merece profundo questionamento, o motivo deste trabalho. Para isso se utilizará a argumentação científica da “Ciência Dedutiva Goethiana”.
UNITERMOS: Lúpus, Doença auto-imune, Colagenose, Medicina Antroposófica, Remédios Antroposóficos, Ciência Dedutiva Goethiana.
- INTRODUÇÃO
A partir das inúmeras frustrações, em querer desvendar o enigma deste conjunto de doenças auto-imunes, é que este artigo foi idealizado, cujo objetivo é “questionar” estas patologias, que mereceram há muito tempo condutas apenas paliativas (com corticóides, imunossupressores e antiinflamatórios). Não se deve, no entanto, desprezar essas possibilidades terapêuticas, mesmo sendo sintomáticas; mas não se deve tê-las como primeira escolha num “tratamento causal-fenomenológico”, como se proporá aqui. Nesse aspecto deseja-se trazer uma luz de esclarecimento para estas complexas patologias, a partir dos questionamentos levantados a partir da etiopatogenia do Lúpus. Em segundo lugar, com relação à “cura real”, só se pode falar dos pacientes com Artrite Reumatóide (AR), pelo menos os tratados nesta Clínica.1 Para os casos de lúpus, devido à sua complexa etiopatogenia, como se verá, não se pode falar em “cura real”. No entanto, uma grande parcela de pacientes tratados aqui, apresentaram “negativações laboratoriais”, o que se nomeou de “cura relativa”, exigindo monitoramento permanente. Talvez pelo estigma que se impôs, pela visão científica indutiva da medicina acadêmica, de que não se tem cura, fica-se receoso em poder afirmar que o lúpus possa também ter “cura real”, como a AR. No entanto é cedo para afirmar isso. O que se tem conseguido até agora, na grande maioria dos pacientes, é uma melhora psicossomática dos sintomas (melhora da qualidade de vida). Em terceiro lugar, deseja-se propor condutas terapêuticas causais (ou fenomenológicas), condizentes com a proposta deste artigo. Mesmo assim, foi preciso conjugar as duas formas terapêuticas: a causal-fenomenológica (com medicamentos antroposóficos), como primeira escolha e a sintomática (com antiinflamatório e, em caso gravíssimo, com corticóide), como segunda escolha, conforme o grau das queixas clínicas.
Como explicar uma patologia dessa envergadura, que faz frente a todo conhecimento científico-médico? Como entender a proteína que se torna estranha para o sistema imunológico? Como explicar a “proteína maligna” que invade a célula, com intuito de destruir o núcleo, como um kamikase ou uma ação terrorista ? Não se contentará com respostas simplórias, que imputam somente à herança ou simplesmente sentenciar: “doença de origem desconhecida” ou a culpa foi do “vírus X”. Nesse sentido, será preciso abandonar os argumentos da ciência indutiva-tecnicista e adentrar na Ciência dedutiva goethiana-steineriana, com “argumentos científicos mediatos”, cujo objetivo é elaborar “hipóteses” que cheguem mais perto de um “conceito” dessa grave patologia. Por isso, a própria fisiologia tomará um colorido mais conseqüente, pois para Goethe “fisiologia é o conjunto orgânico sob domínio do espírito”.2 Só essa afirmativa pospontada já mostra a envergadura deste trabalho e onde se deseja chegar com ele.
- DOENÇA DO COLÁGENO
Dentre as patologias “auto-imunes”, figura um subtítulo: “doença do colágeno”.3 Esse termo foi criado por Klemperer (1942), para designar enfermidades generalizadas do tecido conjuntivo: Lúpus (LES), periarterite nodosa , esclerodermia e dermatomiosite . O tecido conjuntivo está formado pelos seguintes elementos: fibroblastos, substância fundamental (uma espécie de gel, contendo ácidos hialurônico e condroitinsulfúrico), fibras (colágenas, elásticas e retículos) e membranas (condensação de fibras e da substância fundamental).
Com relação aos caracteres histológicos comuns das enfermidades do colágeno, observam-se dois fenômenos: Em 1º lugar, há a penetração de uma “proteína estranha”, de origem plasmática, no tecido conjuntivo. Isso provoca um “precipitado eosinofílico” na substância fundamental, o que se denomina de “ degeneração fibrinóide ” do tecido conjuntivo. Em 2º lugar, em decorrência disso, ocorre uma proliferação dos fibroblastos, associado aos linfócitos, monócitos, células plasmáticas e macrófagos. Esse processo inflamatório termina em “esclerose” das fibras colágenas, o que se pode denominar de “hialinose ”, quando essas fibras colágenas se transformam numa substância amorfa, densa e homogênea. Isso tudo implica em sérias alterações bioquímicas: diminuição das albuminas plasmáticas, aumento do fibrinogênio, das alfa-globulinas, das gama-globulinas, dos mucopolissacarídeos e dos heparinóides.
Pode-se ver nisso, como hipótese, um processo involutivo, um retrocesso orgânico à fase primordial do homem (pré-celular?), em que predomina estado gelatinoso, amorfo. O que existe por detrás desse fenômeno? Por que o Lúpus apresenta ainda um agravante mais dantesco, que culmina na nucleofagocitose?
- FISIOPATOLOGIA e ETIOPATOGENIA
Todo ser humano recebe dos pais uma herança, um corpo físico. Só que não se tem apenas corpo físico, mas se é principalmente um ser espiritual e psíquico.4 Nesse sentido, o corpo físico deve ser colocado dentro das diretrizes traçadas pelo Eu e pela alma . Ou seja, a proteína herdada deve ser transformada em algo próprio e individual, no substrato corporal onde a essência espiritual (o Eu e a alma) possa se manifestar no mundo. Seria como se imprimisse a “minha impressão digital no papel”, para marcar a minha identidade na proteína: “Esse pedaço de matéria-prima é meu!” Nesse sentido a proteína carrega o “egoísmo” presente na materialidade e aí se encontra toda problemática dos transplantes.
O que acontece quando a individualidade espiritual não consegue imprimir o seu carimbo pessoal, o seu Eu (a sua essência ), como uma impressão digital? Acontece o seguinte: 90% dos casos acontecem entre mulheres em idade fértil, dos vinte aos quarenta anos. Elas não conseguem imprimir sua individualidade na proteína; isto é, não tornam a proteína herdada sua propriedade. O tempo vai passando e o corpo vai crescendo. Aquela proteína começa a se tornar estranha, pois não se torna mais reconhecida pelo sistema de vigilância imunológico. A proteína vai se transformando em “antígeno” (Ag). Numa certa época, os anticorpos (Ac) estranham aquela proteína velha , que não foi transformada. Esse processo é geralmente desencadeado por uma crise ou trauma emocional (ocasião em que a alma e o Eu se retraem ligeiramente da ligação com o corpo. Isso faz com que aquela proteína seja abandonada à sua própria sorte e não mais se torne reconhecida como sendo do próprio corpo). Acontece o seguinte: Dentro do sangue começa a ocorrer uma guerra entre os “anticorpos” e essas “proteínas velhas” ( reação Ag-Ac ). Esse imunocomplexo formado acaba se depositando nos tecidos, nos órgãos ou articulações. Isso atrai outras substâncias e células do processo inflamatório (proteases, citocinas, proteínas do complemento, neutrófilos, linfócitos, monócitos, células T CD 4 , imunoglobulinas, etc.).5 Esse é o mecanismo da maioria das doenças auto-imunes: “imunocomplexos depositando nos tecidos, articulações e órgãos”.
No caso do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) o problema é mais grave e misterioso. Uma “proteína maligna” penetra na célula e atinge o núcleo. O nucléolo e outras estruturas nucleares são destruídos (nucleólise) e transformados numa massa homogênea despolimerizada. Essa massa amorfa perde sua estrutura cromatínica e acaba sendo expulsa da célula. Com isso atrai o sistema imune, que não conhece aquela estrutura intra-celular fora da célula. E, finalmente ela é fagocitada (devorada) pelos neutrófilos. Esse produto de uma nucleofagocitose denomina-se Células LE ou Células de Hargraves (1948).
“Das inúmeras reações peculiares do lúpus eritematoso, o fenômeno LE é o mais característico e que tem tido grande transcendência no enfoque etiopatogênico que, nos últimos anos, tem sido dado a esta doença. Este fenômeno depende da presença, no soro e outros líquidos corporais, de uma imunoglobulina do tipo IgG; este anticorpo combina-se com as nucleoproteínas dos núcleos; tais núcleos aparecem tumefeitos, perdem seu padrão cromatínico habitual e adquirem um aspecto homogêneo. Os núcleos alterados são eliminados das células, posteriormente, fagocitados por células sobreviventes, formando um grande corpo de inclusão. Os neutrófilos são as células que com mais freqüência intervêm na fagocitose, embora os eosinófilos, linfócitos e, inclusive, as células plasmáticas possam participar da mesma”.6 “O fragmento nuclear recém expulso sofre uma homogenização por despolimerização. Em seguida, leucócitos aglomeram-se perifericamente, em forma de roseta (fenômeno de Haserick ), para finalmente a massa nuclear amorfa ser fagocitada ( Fanconi )”.7 A esse fenômeno se denomina Célula LE ou de Hargraves , como se citou.
Esse bizarro fenômeno merece profundos questionamentos, pois deseja-se chegar aos elementos causais. Como se pode desenvolver argumentos dedutivos mediatos, para se chegar a uma compreensão desta doença? Primeiramente precisa-se formular as seguintes perguntas: De onde vem essa imunoglobulina tipo IgG? Por que ela procura o núcleo? Por que no caso da AR formam-se “imunocomplexos” e são depositados externamente nas articulações e no Lúpus essa proteína maligna (imunoglobulina) consegue penetrar no núcleo celular e destruí-lo? As respostas dadas aqui serão apenas “hipóteses dedutivas”, merecendo novos desdobramentos futuros, pois essa patologia transcende à sua fenomenologia, como se vê.
Pode-se aventar a hipótese de que a “proteína estranha” procura a sua genitora (a sua mãe), talvez com intuito de se reconhecer, assim como o ser humano tem necessidade de encontrar seus ancestrais, sua filiação. Isso mostra que a menor partícula corporal “imita” o macrocosmo. Só que a “proteína estranha” não se reconhece como pertencente a essa “família protéica”, o que gera um “ódio ou raiva desmedida”, que se concretiza com a destruição do núcleo. Seria como um ser humano que procura se reconhecer no seio social, mas não se enquadra no sistema cultural de sua época e começa a destruir tudo, pois não entende aquele conjunto de posturas civilizatórias (conduta clássica dos terroristas).
Com a destruição do núcleo, este não é mais reconhecido pela célula e é expulso para o meio extra-celular. Acontecem dois fenômenos: o primeiro é que a célula fica sem núcleo, ou seja fica despersonalizada, sem identidade, pois o que identifica a célula é o seu “centro” com registros codificados do DNA. O segundo é que o núcleo é destruído, engolido (fagocitado) pelo sistema de vigilância do corpo. Esses dois aspectos grotescos e apavorantes, nos fazem formular a pergunta vestibular, a que deveria anteceder a todo este questionamento: Por que ocorre isso? Por que a proteína não foi marcada pela “impressão digital” do indivíduo?
Como a herança não explica, a resposta está na criança recém formada, como se afirmou atrás. Mas por ser ela ainda imatura, como conseguiria imprimir seu “selo” na materialidade? A resposta não se encontra nesta vida, mas na fase pré-natal do ser humano, pois “se é hoje o que se foi ontem”. Só se consegue imprimir um “marca” na proteína, caso tenha tido, em vidas passadas uma atuação condizente e conseqüente. Assim, a “tese das vidas sucessivas” deve fazer parte das melhores teorias, mesmo que seja como forma axiomática, para fazer parte deste caminho científico dedutivo.
Portanto, o que se presencia hoje, com essa patologia, é o reflexo do passado, que não se resume nesta vida atual. Não que se contente com essa resposta aparentemente simplória, jogando a causa no transcendente e no passado, no que não se podem abordar (Kant). O questionamento é mais profundo, pois quando o paciente com Lúpus se submete ao “ Diagnóstico Psicossomático por meio da Pintura ”, ele muitas vezes irá mostrar uma imagem nuclear rompida e esfacelada, às vezes com seu conteúdo extravasando ou uma forma espiralada cortando a borda da figura nuclear. Isso não se observa no paciente com AR, por exemplo. Chega-se a conclusão de que o paciente com AR tocou de leve a sua proteína herdada, ficando “marcada de leve” e por isso se consegue a cura nestes pacientes com AR. Já o paciente com Lúpus não tocou a proteína nem de longe. Nesse caso, a proteína permanece totalmente estranha ao corpo e por isso acontece toda esta situação crítica.
- EXAMES COMPLEMENTARES
É muito difícil fazer o diagnóstico de Lúpus, pois muitas vezes se confunde com a AR ou outras formas de doenças auto-imunes. Geralmente inicia com artropatias múltiplas, variáveis e migratórias, acompanhadas de alterações do estado geral e freqüentemente com temperatura sub-febril. As manifestações cutâneas nem sempre existem na fase prodrômica. A American Rheumatism Association (ARA) estabeleceu os critérios necessários para se fazer este diagnóstico. Muitas vezes, somente após vários anos, é que se consegue satisfazer todos os critérios exigidos. “Muitos distúrbios auto-imunes possuem características superpostas, razão pela qual poderá ser difícil a classificação exata. A doença mista do tecido conjuntivo possui características do LES, AR, poliomiosite e esclerodermia, acompanhadas por altos títulos de anticorpos anti-RNP ”.8
A conduta deste autor tem sido a seguinte. Com a história clínica sugestiva, procede-se a um cheup-up laboratorial,9 com um leque bem grande de possibilidades, com o intuito de mensurar todas as vertentes dessas patologias auto-imunes. FAN (sua positividade não é específica, no entanto apóia o diagnóstico do LES, pois é uma prova de consumo de anti-globulina anti-nuclear), Anti-DNAbc (relativamente específico para a doença), Anti-Sm (proteína combinada com 6 espécies de RNA nuclear – específico para LES), Anti-RNP (lúpus, polimiosite, esclerodermia e doença do tecido conjuntivo), Anti-Ro (SSA) (lúpus cutâneo subagudo, LES no idoso e neonatal, síndrome de Sjögren, deficiência hereditária de complemento, FAN-negativo), Anti-La (SSB) (associado sempre com Anti-Ro e com a Síndrome de Sjögren), Complemento C 3 (ativação através do imunocomplexo, mais na AR), Eletroforese de Proteínas (no sentido de constatar se a globulina alfa-2 está elevada), VHS (grau do processo inflamatório), PCR (atividade da doença e a probabilidade de lesão articular progressiva), Látex (processo inflamatório articular da AR).
Constatadas as alterações laboratoriais (principalmente do FAN, Anti-RNP e Anti-Sm ), começa-se o tratamento causal-fenomenológico, mesmo não preenchendo todos critérios da ARA. Mas, antes o paciente precisa se submeter a um último exame complementar, ele é encaminhado ao Psicólogo da Clínica, para se submeter ao “ Diagnóstico Psicossomático por meio da Pintura ”,10 cujo objetivo é adentrar na esfera da psiquê. Ao pintar livremente os três quadros solicitados, ele coloca ali, de uma forma inconsciente, seus problemas não resolvidos e mostra sua “alma” através da cor. O que se observou, nos vários anos de acompanhamento destes pacientes, é que na maioria dos casos, aparecem “formas circulares”, com o conteúdo (a parte interna) extravasando ou a margem rompida ou cortada ou colorações incorporadas no quadro. Essa forma circular mostra o seu núcleo interno (seu Self , Eu ou espírito ), muitas vezes esfacelado ou dilacerado. Talvez aí esteja a resposta, a nível anímico, expressa no Diagnóstico da Pintura: a imagem nuclear rompida ou cortada por formas espiraladas (parece a proteína estranha rompendo o núcleo) ou com conteúdo extravasado (expulsão do núcleo).
- CASOS CLÍNICOS
Serão apresentados cinco casos clínicos, cujo objetivo é para mostrar como são tratados os pacientes com Lúpus nesta Clínica. Entre 80 a 90% dos casos foram beneficiados com a medicação antroposófica, com resposta clínica de melhoria dos sintomas, mesmo que, em muitos casos não se logrando boa resposta laboratorial. Somente 5 a 10% dos casos necessitaram complementação sintomática anti-álgica com uso de anti-inflamatório. O uso de corticóide ficou estritamente reservado para os casos rebeldes (geralmente antigos e que seguiam condutas clássicas). O uso de imunossupressores potentes foi totalmente recusado neste repertório, pois atenta contra a imunidade, base deste tratamento.
Os objetivos deste tratamento antroposófico são: 1) “fortificar a imunidade”, no sentido de confrontação e tentativa de eliminação da proteína estranha; 2) “proteger as articulações ou órgãos agredidos”, com remédios antroposóficos revitalizantes; 3) “ativar o catabolismo protéico e alimentar”, com remédios para o metabolismo digestivo; 4) “elevar o egotismo”, com medidas psicoterápicas, terapêuticas e biográficas.
Ainda com relação ao procedimento medicamentoso, focalizam-se dois aspectos: a queixa clínica e o metabolismo. O estímulo imunológico fica por conta do Viscum album (Helixor) . Enquanto que na AR utilizam-se dosagens ponderais (% ou mg), para uma resposta vigorosamente imunogênica, no Lúpus as dosagens do Viscum devem ter dinamizações mais elevadas (D4 ou 0,1mg), para estímulos sutis e prolongados (durante vários anos). Deve-se esperar um tratamento longo, com controle permanente das taxas sangüíneas. Geralmente os pacientes tratados aqui entram numa fase de estabilização, o que permite acompanhamento semestral ou anual. O mais importante que se objetiva é a melhora sintomática, pois as taxas sangüíneas oscilam muito. Recentemente uma paciente que não respondia nada ao tratamento imunoestimulante, só começou a reagir após uso de Viscum (Helixor) 100mg EV (endovenoso).
Finalmente, é de vital importância que o médico antroposófico, sapiente deste fenômeno das “doenças auto-imunes” e principalmente do “Lúpus”, passe a ajudar carinhosamente e a caminhar junto com o paciente, que carrega como destino esta patologia. O paciente tem o direito de saber o que se passa por detrás desta doença, para poder confrontar “cara-a-cara” com ela. Deve-se usar uma linguagem coloquial e com muitos exemplos; mas sempre de uma forma incisiva, séria e positiva. A finalidade precípua é estimular o paciente a “lutar”, ter “confiança em si mesmo”, não se entregar ao desânimo e nem à depressão. A medicação é somente a metade do tratamento – a grande parcela da “cura” depende dele mesmo. A medicação fornece a “base”, para que ele construa as colunas, as paredes, o teto, da sua “morada”, que ficou esfacelada por causa do passado. É preciso re-construir a casa de novo.
1º E.V.S.S. nasc. 20.6.88, sexo feminino, solteira, estudante, residente em JF. 1 a consulta: 18.3.02 – lúpus há 2 anos, após a menarca. QP: urticária, dores nas pernas e epistaxe. RX: hipertrofia das adenóides. Usou corticóide e cloroquina nessa fase inicial. Ao começar este tratamento, gradativamente foi suspendendo a medicação sintomática:
2º Retorno em 9.9.02, mantendo a medicação. 3º Retorno em 22.4.03, bem melhor. Resultado do exame: excelente. 4º Retorno em 9.2.04, sem sintomatologia. Deverá retornar daqui há um ano, com novo exame, para controle.
7.3.02 | 10.5.02 | 20.11.02 | 3.4.03 | |
FAN (n=80) | +/320 | +/320 | Neg | Neg |
Células LE | + | Neg | Neg | Neg |
VHS (-10) | 20 | 32 | 48 | 60 |
Comentários: Não se sabe até quando poderá permanecer com esta resposta, com a negativação do FAN. Ficará em observação e acompanhamento ambulatorial anual.
1º R. A. P. A. S. Nasc. 7.3.64, casada, residente em Paraíba do Sul (RJ). 1 a consulta: 14.11.02 – Lúpus há 4 anos. QP: dores nas mãos, joelhos, tornozelos, articulações coxo-femurais. Usou cortizona desde o início dos sintomas. Apresentou duas crises convulsivas (aos 10 e 14 anos), ciclo menstrual irregular, obesidade. A suspensão da medicação sintomática foi gradativa, ao iniciar este tratamento. Somente ficou com o uso de Diclofenaco de Potássio, em casos de dores.
3º Retorno em 22.2.03, queda de cabelo, enxaqueca. Mantendo a medicação. 3º Retorno em 4.4.03, permanecem as dores articulares. 4º Retorno em 13.4.04, melhor psiquicamente, mas as dores continuam. Retenção hídrica e hipertensão. Além do tratamento antroposófico, Diclofenaco K e Lasix. 5º Retorno em 21.8.04, crise hipertensiva, exigindo intervenção do cardiologista. Dor coxo-femural, insônia, angústia e depressão. Como houve negativação do FAN, foi suspenso o Viscum. Como as dores continuaram, foi preciso revitalizar as articulações com medicações específicas antroposóficas.
19.11.02 | 15.02.03 | 2.7.03 | 9.2.04 | 20.7.04 | |
FAN (-80) | 160 | Neg | 80 | Neg | Neg |
Latex (-20) | 128 | 160 | 480 | 50 | Neg |
PCR (-6) | 24 | + | 12 | 56 | Neg |
VHS (-10) | 30 | 41 | 20 | 56 | 10 |
Outros valores dos Ac.: Anti-Sm, Anti-DNA, Anti-RNP, Céls. LE, estão normais
Comentários: Não se sabe até quando poderá permanecer com esta resposta. Ficará em observação e acompanhamento ambulatorial anual.
3º M.G.A. nasc. 31.7.55, solteira, secretária da Prefeitura de Volta Redonda (RJ). 1 a consulta: 17.12.03 – dor na mão E e perna D, há 2 meses. Utilizou inicialmente Cortizona, mas sem melhora apreciável. Cirurgia nos canais lacrimais, por causa da síndrome de Sjögren. Houve melhora do quadro clínico, inclusive dos resultados dos exames. Com o início da medicação antroposófica, foi suspendendo gradativamente a medicação sintomática:
20.10.03 | 2.4.04 | 31.8.04 | |
FAN (- 80) | 160 | 160 | 320 |
Latex (-20) | 80 | 32 | Neg |
PCR (-6) | 12 | 8 | Neg |
VHS (-10) | 35 | 25 | 23 |
No último retorno, em 10.9.04, por causa da exoneração do cargo da Prefeitura, ficou deprimida, com retorno das queixas e subida do FAN. Continua com a orientação medicamentosa.
4º E.R.S. nasc. 28.2.63, casada, do lar, residente em Ipatinga (MG). 1 a consulta: 29.7.00 – Lúpus há 1 ano, com dor ao menor esforço nos ombros. Uso inicial de Cortizona e cloroquina. Cirurgia plástica. Temperamento depressivo e muito submissa ao marido. Após início da medicação básica, foi retirando gradativamente os remédios sintomáticos.
16.11.00 | 19.4.01 | 19.10.01 | 10.12.02 | 28.7.04 | |
FAN (-80) | 80 | 160 | 620 | 320 | 640 |
SSA/Ro | 51.200 | 25.600 | 51.200 | 3.200 | Não fez |
VHS | 28 | ? | 18 | 30 | 24 |
Leucócitos | 3.810 | 4.130 | 3.910 | 4.000 | 4.800 |
Na última consulta, em 10.9.04, melhora relativa, mais alegre, com cabelo solto, apesar do exame laboratorial não demonstrar muito (FAN mais elevado). No entanto, há boa resposta leucocitária e queda do SSA/Ro. Preocupada com as varizes e com a prótese dentária. Continuar com a receita oral, anti-inflamatório se precisar e uso do coquetel injetável: ViscumD4+StibiumD6+SilíciaD6+Ferrum phosphoricumD8 aa. nos braços, bilateral, 1x/mês, por um ano. Retorno no ano que vem com novo exame.
5º A.O.F. nasc.2.3.71, casada, auxiliar de cartório. Residente em Leopoldina (MG). 1 a consulta: 21.12.95 – Lúpus, início há 1 ano. Dores articulares, edema corporal, taquicardia pela manhã, depressão. Início após desmarcar o casamento. PA 160×80. Biópsia renal (27.10.95) – Glomerulonefrite endo e extra-capilar. (Proliferação glomerular endocapilar, fibrose e atrofia tubular com infiltrado linfocitário). Tratamento inicial: corticóide, renitec, adalat, lasix, drenol e combiron. Transfusão. Continuou com o tratamento sintomático, somado agora com o antroposófico:
27.11.95 | 21.12.95 | 19.3.96 | 25.4.96 | 13.8.96 | 20.5.97 | |
FAN | – | – | – | – | – | 640 |
Cél. LE | – | – | – | – | – | + |
Clearence | 26 | 24 | 48 | 41 | 71 | 39 |
Uréia | 109 | 101 | 87 | – | 49 | 83 |
Colesterol | 378 | 287 | 282 | 239 | – | 249 |
Hemoglob. | 9.0 | 9.3 | – | 9.1 | 10.6 | 8.7 |
Leucócitos | 15.300 | 17.300 | 8.500 | – | – | – |
Comentários: Este caso mostra a doença numa fase mais adiantada, o que obriga a permanência da conduta terapêutica acadêmica, somada com a medicação antroposófica. Exige-se permanente acompanhamento ambulatorial semestralmente, em conjunto com o especialista.
- COMENTÁRIOS
Este artigo foi elaborado com o intuito de formular a hipótese dedutiva, de que “o Lúpus mostra algo que transcende à sua etiopatologia”. A tese é remetida ao terreno do supra-sensível, ao que se pode acompanhar somente com o pensar. Nesse sentido foi abordada a realidade fenomenológica (elementos causais permeando a materialidade, numa unidade). Chegou-se à conclusão (tese) de que esta doença tem “origem espiritual de vidas sucessivas”, a verdadeira causa das doenças auto-imunes (cármicas), como muito bem se pode observar no modos operandi das proteínas estranhas (do próprio corpo, mas não reconhecidas mais por este), ao invadirem o núcleo e destruírem o “nucléolo” e outras estruturas nucleares (nucleólise). Este é expulso, sendo fagocitado pelo sistema imune (esse conjunto – nucleofagocitose – é conhecido como células LE). O que impressiona é a célula, ao ficar sem núcleo, perde sua identidade, sua personalidade. Isso reflete a psiquê (a alma) destes pacientes, as quais, na maioria dos casos, carecem de estrutura emocional, de personalidade firme e determinação na vida. No entanto, a maioria dos pacientes tratadas com a medicina antroposófica, pelo menos nesta Clínica, têm apresentado bons resultados, mesmo que sejam sintomáticos, além das melhoras evidentes dos exames laboratoriais. O grande mérito fica por conta do tratamento imuno-estimulante do Viscum album, em dosagens baixas e progressivas.
- SUMMARY
This Work was elaborated with the intention of formulating a deductive hypothesis that “Lupus shows something besides its etiopatology”. This thesis is remit to way of the mind, which can be accompanied only with the thoughts. In this sense we approach the phenomelogic reality (origin elements permeating the materiality, in one unit). We reach the conclusion (thesis) that this disease has “spiritual origin in successive lives”, the real cause of auto-immnunes diseases (karmic), as we can easily see in “modos operandi” of stranger proteins (being of the self body, but not recognized for him anymore), when invading the nucleus and destroying the “nucleolus” and another structure of nucleus ( nucleolisis ). It is expelled, being embodied by the immune system (this united – nucleofagocitosis – is known as LE cells). What impress is the cell, when being withoud nucleus, lost its identity, its personality. This fact reflects the psyche (the soul) of these patients, which, in the most cases, needs emotional structure, personality and determination in their lives. Although, the most patients treated with anthroposophy, at least in this Clinic, have being got good results, even being symptomatic, besides evident improving in laboratorial exams. The great merit stays with the immune-stimulant treatment of Viscum album, in low and progressive doses.
Words Knotes: Lupus, Auto-immunes diseases, Colagenosis, Anthroposophical Medicine, Anthroposophical drugs, Deductive Science.
- NOTAS
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- GOETHE. Ensaios Científicos. São Paulo : Ad Verbum / Barany. 2012.
- FATTORUSO, V. e RITTER, O. Vademecum Clinico . 3 ed. Barcelona : Ateneu, 1973, p.713.
- MARQUES, A. J. Repensar a Ciência . Juiz de Fora : Rio Branco, 1996, p.27.
- HARRISON, Medicina Interna , 13 ed. México : Interamericana, 1995, v. 2, p.1727.
- FARREIRAS V., P. Medicina Interna , 9 ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan. 1979. v. I, p.901
- Idem, ibidem.
- HARRISON , 1995, p.1724.
- Idem, p.1723.
- O “ Diagnóstico Psicossomático por meio da Pintura ”, é um recurso elaborado pela equipe multidisciplinar desta Clínica, com o intuito de descortinar o que se esconde por detrás da patologia somática. Maiores informações na revista Arte Médica da ABMA, ano XXIV, números 1 e 2 / 2004 e no site desta Clínica.
BIBLIOGRAFIA
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